Ignorância involuntária, invencível, afetada e crassa.
A
ignorância afetada é aquela ignorância culpável daquele que, tendo o dever de
saber, provoca programadamente seu próprio estado de ignorância. Como o pai que
escuta um barulho, desconfia que seu filho está fazendo algo errado. Mas,
pensa: eu nem vou lá, porque se eu for eu verei. E se eu ver, terei que tomar
uma atitude. Assim, para não estressar, não vou lá. Nos Evangelhos, vemos essa
atitude nos discípulos, quando Jesus diz:
“E todos pasmavam da majestade de Deus.
E, maravilhando-se todos de todas as coisas que Jesus fazia, disse aos seus
discípulos:
Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do
homem será entregue nas mãos dos homens.
Mas eles não entendiam esta palavra, que lhes era encoberta,
para que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca desta palavra.”
Lucas 9:43-45
Este
pecado (a ignorância religiosa), condenará mais almas do que todos os outros
juntos, porque uma pessoa ignorante quando peca, não conhece nem o mal que faz,
nem o bem que perde. Tal ignorância pode ser imputada à responsabilidade
pessoal. Assim acontece quando o homem pouco se importa de procurar a verdade e
o bem e quando a consciência se vai progressivamente cegando, com o hábito do
pecado. Nesses casos, a pessoa é culpada do mal que comete. A ignorância
afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes aumentam, o carácter
voluntário do pecado.
Quando a
ignorância é programada conscientemente, ela é afetada e quando decorre de uma
omissão culposa daquele que tinha o dever e os meios de conhecer, porém não o
domina, ela é chamada de ignorância crassa
ou supina. O mal cometido sob ignorância invencível seguramente continua
sendo um mal, uma privação, uma desordem, reiterando que é preciso trabalhar
para corrigir dos seus erros a consciência moral. Por outro lado, reconhece,
num âmbito, a ignorância é invencível, ou o juízo erróneo sem responsabilidade
do sujeito moral, o mal cometido pela pessoa não pode ser-lhe imputado. Apesar
disso, reitera que parte-se do princípio de que ninguém ignora os princípios da
lei moral, inscritos na consciência de todo o homem.
Já quanto
à ignorância involuntária, ela pode diminuir, ou mesmo desculpar, a imputabilidade
duma falta grave. Os impulsos da sensibilidade e as paixões podem também
diminuir o carácter voluntário e livre da falta. O mesmo se diga de pressões
externas e de perturbações patológicas. Os principais termos bíblicos para “pecado não intencional” no Antigo
Testamento são o substantivo shagagah (engano, erro) e o verbo shagag/shagah (errar, enganar ou induzir ao erro).
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