ISRAEL ATUAL CUMPRE PROFECIAS DE RESTAURAÇÃO NACIONAL?



A maioria dos evangélicos crê que a restauração do Estado de Israel em 1948 representa a “peça fundamental” nas profecias do tempo do fim.  Crê-se amplamente que o firme retorno de judeus à Palestina a começar do século passado, e o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, seriam o cumprimento de promessas específicas do Velho Testamento aos israelitas.


Também seriam o prelúdio de eventos finais, como o arrebatamento secreto, a Tribulação, a reedificação do Templo, a conversão dos judeus, o Retorno de Cristo e o estabelecimento do reino milenial, com Cristo sobre o trono de Davi em Jerusalém.


Deus prometeu a Abraão que seus descendentes herdariam “toda a terra de Canaã, em possessão perpétua” (Gên. 17:8; cf. 12:7; 13:15; 15:18'). Ademais, há promessas do VT sobre um “segundo” retorno dos israelitas (Isa. 11:11) a sua terra natal “de todas as nações”  (Jer. 29:14), isso se dando em descrença (Eze. 36:24-26; cf. Jeremias 30). 


As promessas de restauração são vistas como incondicionais, cumpridas desde 1948, mas a posse ou perda de posse anteriores da terra de Canaã pelos israelitas não cumprem as promessas territoriais por, pelo menos, duas razões: 


1a. - Deus não prometeu posse temporária, mas “eterna” da terra (Gên. 17:8');


2a. - Os israelitas nunca possuíram no passado toda a terra prometida  “desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates” (Gên. 15:18').


Em Jer. 18:9-11 é indicada a NATUREZA CONDICIONAL das promessas de Deus, onde é declarado: “E no momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar e plantar, se ela fizer o que é mal perante mim, e não der ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria”.


Esta passagem indica que as predições de Deus de bênção ou maldição para uma nação condicionam-se à obediência ou desobediência. Paulo diz que as promessas de Deus “feitas a Abraão e ao seu descendente” (Gál. 3:16) foram cumpridas em Cristo, porque Ele é o auge da verdadeira semente de Abraão. Isso, porém, não implica em futura reocupação da Palestina pelos judeus, mas na herança de toda a terra renovada pelos crentes em Cristo, de todas as nações (Rom. 4:13; Mat. 5:5, 3; Apoc. 21:1-8').


Para os profetas, “Israel” significava o povo de Deus, e a terra de Canaã, as prometidas bênçãos de paz e prosperidade. Assim, esses termos podiam servir para expressar a esperança da realização final das bênçãos divinas para o Seu povo.


O testemunho do Novo Testamento vê essas profecias cumpridas, não em algum futuro retorno dos judeus à Palestina, mas na atual reunião dos crentes na Igreja e numa reunião universal vindoura de povos de todas as tribos, povos e línguas na Nova Terra. 


Jesus declarou , após o secamento da figueira infrutífera (Mat. 21:19 e 20): “Digo-vos que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (Mat. 21:43). A figueira que secou representava o povo que em breve perderia a sua condição de “nação teocrática”, ao clamarem: “Não temos rei senão a César”; “o Seu sangue caia sobre nós e os nossos filhos”; “Seja crucificado” [o Messias que “veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam”(João 1:11)].


Conclui-se, pois, que o estudo das principais profecias sobre restauração de Israel não fornece uma predição ou sequer dá indício de uma restauração de judeus à Palestina em nosso tempo como um prelúdio dos eventos finais da história da Terra.


A Escritura vê essas profecias como cumpridas literalmente quando um remanescente de judeus retornou à Palestina vindos de Babilônia, e figuradamente quando Cristo veio a primeira vez para reunir espiritualmente todos os que Nele creem. Antitipicamente, cumpre-se quando Cristo retornar para reunir fisicamente o Seu povo “de uma extremidade do céu à outra” para a Nova Terra.


Logo, a noção de que a restauração política dos judeus em 1948 é “o sinal profético” do retorno de Cristo, não tem base bíblica legítima. Todavia, essa posição equivocada é o próprio fundamento do cenário popular dos acontecimentos do fim dos tempos (escatologia) promovido por tantos pregadores atuais.


Em Romanos 11 Paulo tece profundas reflexões da sorte de Israel e dos gentios, lamentando que a nação-tronco tinha sido rejeitada, mas poderia ser reenxertada em seu próprio tronco: “E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar”, diz ele no vs. 23. O “SE” vem confirmar o caráter condicional também dessa predição por Paulo. Israel nunca se arrependeu!



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